Bisa Maria
Minha bisavó Maria era uma mulher notável, pelo que conta minha mãe e minhas tias. Não me lembro dela, já que eu tinha 2 anos quando faleceu. Mamãe tem um retrato desbotado que tiraram quando ela tinha 7 anos, bem ao lado da sua avó. Mas não dá pra ver com detalhes como era a bisa. Sua história ainda ecoa através das gerações da nossa família. Descendente de portugueses carregava consigo tradições e valores familiares. Sua estatura pequena não correspondia à grandeza de seu coração. Era encantadora com os netos e com todos que passavam pela porta do casarão branco da rua debaixo. Convidava a todos para tomar um café, que ficava requentando no fogão à lenha. Tinha sempre uma broa, um biscoito de polvilho, um pão de queijo ou um bolo para oferecer com o cafezinho.
No quintal, frutas explodiam de todos os sabores. Jabuticaba, laranja, goiaba, lima, abacate e muitas outras que fazia a festa da meninada. Casa grande. Janelões. Vida que desfiava mansa pela roca do tear. Tecia cochas e almofadas coloridas lindamente.
Uma das características mais marcantes da bisa Maria era sua dedicação aos netos e bisnetos. Ela se divertia mimando e agradando a todos sempre que fazíamos uma visitinha. Contava histórias, oferecia doces e frutas. Com uma gargalhada frouxa e abraço apertado recebia a todos com carinho.
Em sua máquina de costura preparava vestidos e camisas para presentear aos bisnetos. Já bem velhinha enfiava a linha na agulha com perfeição. Sem precisa de óculos. Dominava a arte da costura com primazia. Suas mãos habilidosas podiam criar roupas, colchas e qualquer peça, cada uma com um toque pessoal que refletia seu amor e cuidado.
Minha bisa Maria deixou marcas especiais na vida de todos que tiveram o privilégio de conhecê-la. Bisa deixou um legado de amor, habilidade e generosidade para os netos e bisnetos. Mesmo sem lembrar dela sinto sua presença em nossas vidas.